Fonte: Forbes | Publicado em 02/06/2023 | Clique aqui e veja a publicação original
O agronegócio registrou, no primeiro trimestre de 2023, uma movimentação de R$ 15,1 bilhões em FIDCs (Fundos de Investimento em Direitos Creditórios), modalidade de fundo de investimento utilizado para operações de crédito lastreado em recebíveis.
Os fundos registraram um crescimento de 9,7% do número de FIDCs no agro no comparativo com o ano anterior. O levantamento foi compilado, com base em dados públicos da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), pelo escritório Martinelli Advogados, que opera em praças importantes do agro e que atua na estruturação jurídica e assessoria legal.
“O foco do FIDC é financiar toda a cadeia produtiva para fazer a ‘roda girar’”, diz Walter H. Fritzke, head de serviços financeiros do Martinelli. O agronegócio possui três players principais para a adoção de um FIDC, sendo eles: agroindústrias, agro distribuidores e produtores rurais.
A indústria de fundos de investimentos no Brasil, especialmente a dos FIDCs, contabilizou um crescimento acentuado em 2022, com 361 novos fundos registrados. O número de FIDCs na CVM alcançou 1.908 no final de dezembro, alta de 23,4% no ano. O agronegócio, de acordo com o levantamento, representa 3,9% da carteira de direitos creditórios. O sistema financeiro é o líder neste segmento com (32,5%), seguido do comércio (20,2%), crédito (16,5%) , indústria (12,8%) e outros (14,1%).
Segundo Fritzke, o crescimento dos FIDCs se deve especialmente pelo receio de escassez de recursos para o setor. Além disso, no passado, entrar no sistema financeiro era difícil e moroso. Agora, uma empresa, entidade ou cooperativa pode criar a sua própria estrutura financeira como forma de oferecer mais um serviço ao seu cliente. Fritzke observa que o agro já tem uma cadeia de consumo estabelecida e as instituições do setor conhecem muito bem as necessidades de seus clientes.
Tendência de crescimento
Ainda com base no levantamento do Martinelli as alterações regulatórias, somadas ao contexto econômico, fizeram com que o ano de 2022 encerrasse com mais 1.900 FIDCs registrados na CVM, o que representa um incremento de 23% em relação ao ano anterior para todos os segmentos econômicos. Ao todo, os FIDCs movimentaram R$ 377 bilhões no ano passado.
“Ao longo do ano de 2022 vimos a Selic (taxa básica de juros) aumentar mais de 4 p.p., o que automaticamente transformou os ativos de renda fixa em alvos para o mercado de capitais. E os FIDCs – um dos veículos de investimento nesse setor – tiveram um crescimento do patrimônio superior a 20% ao longo do ano”, analisa Fritzke.
Com o foco em agilizar as novas formas de comercialização, no final de dezembro do ano passado a CVM publicou novas regras para o mercado de fundos de investimento: a Resolução CVM 175. Essa modernização, destaca Fritzke, já era esperada desde meados de 2020 e deve trazer mais segurança aos agentes de mercado, além de aumentar o número de players nesse setor. “Esperamos, com essas mudanças, que o mercado de FIDCs atraia ainda mais liquidez. Para 2023 estamos otimistas de que o setor se mantenha aquecido”, diz ele.