O Agro foi pauta na COP26 – 26ª Conferência das Nações Unidas pelas Mudanças Climáticas – realizada em Glasgow, entre os dias 31/10 e 12/11. No evento, foi destacado o Compromisso Global do Metano, assinado pelo Brasil e mais 96 países, o qual prevê a redução de 30% das emissões do gás até 2030. Também foram apresentadas alternativas para uma agricultura e pecuária com baixo carbono no Brasil.
Neste sentido, iniciativas que reduzam o impacto ambiental são fundamentais e já é possível notar a busca por um processo mais sustentável na produção do algodão, por exemplo. Nosso país responde por 30% da produção mundial de algodão sustentável, e é certificado pela Better Cotton Initiative (BCI) – organização que atua para melhorar a produção mundial do algodão. A certificação é resultado da implementação das boas práticas sustentáveis no campo, com emprego de tecnologias capazes de promover a fixação biológica de nitrogênio. Outras iniciativas relacionadas são o tratamento de dejetos animais, das florestas plantadas, sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (LPF), sistema de plantio direto (SPD) e recuperação de áreas degradadas. Todas estas ações são amparadas pelo Plano ABC+ do MAPA, financiado pelo Plano Safra.
Durante a COP26, também foram discutidos temas como transição energética do campo com o uso de biogás, aumento da produtividade do agro sem ampliar áreas e transparência e conformidade da cadeia produtiva.
A demonstração na COP26 das ações efetivas do Agro Brasileiro para diminuir as emissões de carbono é importante para dar maior credibilidade e competividade ao país no mercado. Além disso, também gera oportunidades de financiamento internacional para adaptar a transição para o Agro de baixo carbono. Esses temas são de grande importância para as cooperativas, especialmente para as cooperativas agropecuárias, já que muitas caminham a passos largos nesse sentido.
Manifesto da OCB
Nesta linha, a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) divulgou em 8/11 um manifesto compartilhando a visão do cooperativismo brasileiro em relação à sustentabilidade. A posição foi reforçada em painel na COP26, em 12/11. Com conteúdo completo disponível no site Cooperação Ambiental, o manifesto tem como um dos objetivos mostrar que toda cooperativa tem o compromisso de cuidar da comunidade onde atua.
No documento, os pontos defendidos pelas cooperativas são:
– A regulamentação do mercado de carbono;
– O combate inflexível e abrangente ao desmatamento ilegal da Amazônia e dos demais biomas brasileiros;
– A regulamentação de leis que estimulem a adoção de medidas de proteção e preservação do meio ambiente;
– A produção brasileira de alimentos para o combate à fome e à segurança alimentar no mundo;
– A adoção de políticas públicas de fomento ao cooperativismo como arranjo produtivo sustentável.
Para o cooperativismo brasileiro, reduzir as emissões de gases do efeito estufa na atmosfera é fundamental e uma das maneiras mais inteligentes de se fazer isso é regulamentando o mercado internacional de carbono e valorizando modelos produtivos de baixa emissão e captura de poluentes, além de viabilizar o acesso facilitado a recursos para projetos em prol da preservação.
Informações de Patrícia Pádua (Advogada especialista em Direito Ambiental) e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB)