Nos últimos anos, iniciativas regulatórias foram levadas a cabo, de modo a abastecer o sistema financeiro brasileiro com soluções que aumentam a concorrência de crédito no mercado. E as cooperativas não ficam para trás nesse movimento. Inspiradas no binômio financiamento-tecnologia, elas têm buscado desenvolver estruturas financeiras modernas que sejam capazes de capitalizar as cadeias de valor incluindo clientes, fornecedores e cooperados como alternativa à obtenção de recursos pelo tradicional setor bancário.
O crescimento do agronegócio e as demandas sazonais por crédito demandam das cooperativas novas estruturas que permitam agregar valor a toda a cadeia produtiva, obter elevada eficiência fiscal e permitir a convergência entre captação de recursos e tecnologia. Nesse cenário, fintechs de crédito surgem como componente relevante dessas inovadoras estruturas financeiras que são desenvolvidas em parceria com as cooperativas – uma vez que são instituições financeiras que atuam exclusivamente por meio de plataforma eletrônica, oferecendo custos operacionais reduzidos, taxas de juros mais atraentes e menos burocracia.
Nesse exemplo de estrutura, em que as fintechs são parte integrante, as cooperativas conseguem potencializar o financiamento e a captação de recursos junto aos cooperados, além de obter novas fontes de receitas mediante a prestação de serviços financeiros aos cooperados. De todo modo, não há estrutura padrão para todas as cooperativas e o melhor veículo de financiamento depende da análise das particularidades de cada uma delas.
Nesse amplo universo, as cooperativas podem valer-se de diversas opções, desde estruturação de fundos de investimento, ou até mesmo prestando serviços de correspondente bancário para uma Sociedade de Crédito Direto, emulando uma “estrutura bancária própria”, medida capaz de facilitar a concessão de crédito aos cooperados.
O que se busca enfatizar é que, diante das mudanças regulatórias e do entrelaçamento entre concessão de crédito e tecnologia, o mercado oferece alternativas vantajosas para o financiamento das cadeias de valor das cooperativas agropecuárias. A vinculação entre agronegócio e estruturas modernas de financiamento é necessária e irreversível, o que garantirá retornos que impactarão positivamente todos os agentes envolvidos na cadeia de valor desse segmento econômico.
*Ronnald Loureiro, advogado da área de Serviços Financeiros do Martinelli Advogados