Durante os dias 12 e 14 deste mês, o Martinelli Advogados marcou presença no Digital Agro, um dos eventos mais importantes do agronegócio no Brasil. Durante a programação, tivemos um painel guiado pela advogada especialista em Compliance Clarissa Gracelle. No artigo a seguir, você confere a avaliação dela a respeito do tema:
Manter o pilar econômico de uma organização fortalecido em longo prazo – ou seja, ser produtivo e criar resultados em uma escala crescente – é uma das estratégias para que empresas e cooperativas ligadas ao agronegócio tenham maior adesão à proposta ESG, sigla que simboliza produção socialmente justa, ambientalmente correta e alinhada às práticas de governança.
Com a importância do pilar econômico e de resultados para toda organização, não seria a hora de falarmos em EESG?
Modelos de negócios que olharem para os 4 pilares EESG (ambiental, econômico, social e governança) se diferenciarão no mercado e criarão as bases de seu crescimento e perpetuidade.
Muito tem sido falado sobre o ESG no momento, mas o agro já está olhando para essas pautas há muito tempo. A sigla é uma nova roupagem do desenvolvimento sustentável que o setor tem trabalhado, mas que pode se intensificar com a ajuda do compliance, que muito auxilia as organizações a se sustentar no tempo.
O compliance – que significa estar em conformidade com normas, regulamentos, leis – vem para dar segurança ao que está sendo feito e transmitir valores, mapear os riscos e trazer o autoconhecimento para a organização, entendendo também os principais desafios. A partir dele, é possível identificar o que precisa ser priorizado – se o E, o S ou G – para gerar maior impacto.
Esse conjunto de disciplinas auxilia a organização a se manter no tempo e, para isso, é preciso entender o negócio, os locais onde é desenvolvido e, a partir disso, criar programas personalizados de acordo com a atividade.
Ele está ligado diretamente à governança – alinhamento de propósito de todos os membros da organização, o que inclui colaboradores, clientes e fornecedores – e pode trazer grandes benefícios, a exemplo de organizações do setor que queiram alcançar, por exemplo, o Selo Mais Integridade do Ministério da Agricultura. Este programa é um reconhecimento concedido a organizações e que pode ajudar na abertura de novos mercados.
Outro benefício proporcionado pelo compliance é a entrada na certificação do Sistema B, entidade que reúne organizações que conectam lucro com propósito. Para se tornar parte do Movimento B, uma companhia precisa ser transparente, mesmo que tenha sofrido com práticas sensíveis, penalidades ou sanções no passado.
O mundo dos negócios está cada vez mais dinâmico e exige idoneidade das organizações. Para isso, algumas medidas são fundamentais. Documentar é a palavra de ordem, mas sem que isso gere “burocracia”. Agilidade é fundamental nos negócios e é possível criar ferramentas para dar segurança sem atrasar os processos internos.
É preciso pensar nos aspectos sociais e na governança com o reforço na transparência das ações, não só do aspecto interno, mas das práticas como um todo.
Somado a tudo isso, uma organização precisa ser honesta para não parecer estar fazendo greenwashing, termo utilizado para empresas que apenas fazem propaganda dizendo que respeitam as pessoas e o meio ambiente, mas que na verdade não colocam isso em prática. Por isso, trazer evidências por meio do compliance é fundamental para comprovar e divulgar as ações.
Clarissa Grecellé, advogada especialista em Compliance do Martinelli Advogados.